Todos nós temos aquele jogo que consegue nos atingir de tal maneira que a experiência de jogá-lo deixa de ser apenas um passatempo e se torna algo transcendente. Alguns exemplos disso são: Journey, Everything, Proteus, Rez e etc. Video games que há muito tempo já deixaram de ser apenas ‘coisa de criança’ na visão geral e hoje podem trazer experiências mais imersivas que todas as outras mídias.
No artigo de hoje vamos falar sobre um desses jogos, um que passou batido pela grande maioria dos jogadores e que infelizmente ficou apenas no mercado Japonês; o que até hoje dificulta a sua apreciação mundo a fora.
O jogo é Lack of Love, desenvolvido pelo estúdio Love-de-Lic em parceria com o músico Ryuichi Sakamoto e publicado pela ASCII Entertainment para o Dreamcast em novembro de 2000. Nascido do interesse de se criar um jogo baseado na teoria de GAIA, teoria que diz que a terra e tudo que se encontra dentro dela formam um sistema complexo, integrado e auto-regulado em que seus organismos vivos e seu ambiente físico evoluem sofrendo influências recíprocas que objetivam a preservação da vida, o jogo foi primeiramente pensado para o Playstation, mas por influência do presidente da Sega na época, foi migrado para o Dreamcast.
Lack of Love não se prende a um gênero e dificilmente pode ser categorizado como um RPG (conforme definido na parte traseira da caixa), ao invés disso o jogo se utiliza de simplicidade e uma ótima trilha sonora para imergir o jogador mundo do game. Durante o gameplay inicial o jogador assume o papel de um micro-organismo nascido durante uma das colonizações do projeto Lack of Love (projeto criado por humanos para buscar novos planetas que possam ser habitáveis, terraformando estes planetas através de robôs). A partir dai o jogador deve apenas ‘seguir vivendo’ como o próprio manual do jogo diz, realizando tarefas mundanas de um ser vivo, como comer, dormir, urinar, fugir e etc, até que finalmente este ser possa evoluir e cada vez mais se adaptar ao ambiente. Para realizar a evolução o jogador deve, além de realizar as tarefas citadas anteriormente, interagir com os outros seres vivos locais também é uma opção no jogo (Simbiose).
O game todo tem uma aproximação mais minimalista em todos os seus aspectos, não conta com uma interface complexa para o usuário, deixando pouca coisa na tela durante o gameplay e também não deixa claro objetivos especifico, dando uma certa liberdade ao jogador. Certo momento do jogo você é capturado por um robô que te propõe vários testes que irão traçar o seu destino . Apesar de simples o jogo nos faz refletir sobre alguns pontos, como a nossa real falta de amor quando tratamos de assuntos como crueldade animal, diferenças econômicas, desmatamento, entre outros problemas que apenas uma sociedade ‘civilizada’ humana consegue causar.
Um dos aspectos que mais chamou a minha atenção no game é sua fantástica trilha sonora, composta pelo incrível Ryuichi Sakamoto, que ajuda a criar toda a atmosfera do game. Para se ter uma ideia do quão boa a trilha sonora é, ela foi lançada em um CD e também está disponível para se escutar no Spotify.
Com certeza este é um jogo que vale a pena ser jogado em seu Dreamcast, se não por suas ideias que ainda (infelizmente) dizem muito sobre a sociedade pelo fato de ser um dos melhores jogos lançados para o ultimo console da Sega, principalmente se você for fã de Spore, jogo da Maxis que tem gameplay similar ao de L.O.L.
E você, já conhecia este jogo exclusivo do Dreamcast?
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