PC Engine Mini – a joia de bolso que (quase) faz justiça ao original

A NEC/Hudson cravou seu nome na história com o PC-Engine, um 8/16-bit pequenino que, lá no fim dos anos 80, botou medo em Mega Drive e Super Famicom. Em 2020, a Konami (que herdou o legado da Hudson) trouxe essa história de volta no formato mini. Passei um bom tempo com o PC Engine Mini/CoreGrafx/TurboGrafx-16 Mini (são as três versões do mesmo console) e aqui vai um review no jeito do G&C: direto ao ponto, com carinho pelos detalhes — e pelos jogos obscuros também.

O que vem no pacote e o que muda por região

O Mini replica com muito capricho o visual do hardware original (inclusive portinhas e expansion cenográfico), sai de fábrica com um controle USB de dois botões e roda via HDMI. Por fora, o nome muda conforme a região (PC Engine Mini no Japão, CoreGrafx Mini na Europa e TurboGrafx-16 Mini no Ocidente), mas o coração é o mesmo. O catálogo também é quase idêntico, com trocas pontuais: no Ocidente entra Salamander no lugar de Tokimeki Memorial e Tengai Makyou II, por exemplo.

Quer multiplayer de verdade em Dungeon Explorer? Dá pra jogar a dois com duas portas USB, mas para 3 a 5 pessoas é necessário o multitap oficial (um acessório à parte).

Interface, emulação e opções de vídeo

A interface do Mini é completa: capa dos jogos, tema que muda quando você navega pela lista japonesa/ocidental, e até uma animação simulando HuCard entrando no slot ou o CD do add-on sendo inicializado. Há seleção de idiomas e cinco modos de imagem (4:3 em variações, “pixel perfect”, preenchido e até um modo que imita a TurboExpress).

Na parte técnica, a emulação ficou a cargo da M2, estúdio referência nesse tipo de trabalho. O resultado é ótimo no geral, mas não perfeito: alguns usuários notaram um “shimmer” em scrolls e um pouquinho de input/áudio lag em certos jogos. Na prática, jogabilidade segue firme; mesmo em shmups, dá para curtir sem se preocupar, com exceção de um ou outro título mais sensível.

Biblioteca: onde o Mini vira gigante

Aqui está o trunfo do PC Engine Mini. A seleção soma 57–58 jogos (contando as duas listas, com algumas repetições), misturando clássicos lançados no Ocidente com pérolas japonesas que ficaram presas no país por décadas. Entre os destaques:

  • Ys I & II – ainda mágico, trilha lendária, ideal para entrar no clima do console.
  • Neutopia I & II – servem como Zelda-likes sólidos.
  • Akumajou Dracula X: Rondo of Blood – provavelmente o melhor Castlevania 2D “clássico”, finalmente acessível em sua versão original sem precisar de um PC-Engine CD real.
  • PC Genjin/Bonk – garante a mascote de casa.
  • Blazing Lazers, Soldier Blade, Super Star Soldier, Lords of Thunder e os Spriggan mostram por que o PCE é sinônimo do gênero. A cereja do bolo é Ginga Fukei Densetsu Sapphire, um CD raríssimo que aqui vem prontinho no menu.
  • Snatcher e Ninja Ryūkenden (a versão PCE de Ninja Gaiden) aparecem no lado PC-Engine da lista — ótimos para colecionadores e curiosos, mesmo sem localização.

No detalhe, há ainda surpresas: Splatterhouse no Mini ocidental troca a icônica máscara de Jason por outra, como no lançamento original americano, enquanto o set japonês mantém as particularidades locais. É um passeio histórico bem fiel às peculiaridades de cada mercado.

Onde o Mini tropeça

Nem tudo são arco-íris de parallax. A ausência de autofire físico no controle que vem na caixa da versão Japonesa faz falta em alguns shooters (quem viveu, sabe), e você vai querer um pad extra. Felizmente, a 8BitDo oferece um controle sem fio compatível com o Mini. Também pesa o fato de parte do acervo estar só em japonês; não é impeditivo em ação e shmups, mas em RPGs e aventuras limita. Por fim, a necessidade do multitap para 3–5 jogadores poderia ter sido mitigada com mais portas nativas.

Vale hoje?

Se a sua praia é redescobrir (ou descobrir) uma biblioteca diferente da do SNES/Mega, o PC Engine Mini é um dos melhores minis já lançados: seleção afiada, capricho na apresentação e curadoria que premia tanto quem quer conhecer quanto quem quer matar saudade sem vender um rim por um console original. A emulação da M2 entrega mais acertos do que tropeços, e o pacote todo funciona como museu jogável.

E você, já jogou o PC Engine/CoreGrafx/TurboGrafx-16 Mini? Qual jogo te fisgou primeiro — Rondo of Blood ou algum shmup?

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