Colecionismo: Hobby ou doença?

Todo gamer tem desde pequeno o grande sonho: um quarto repleto de games para não faltar o que jogar durante 100 vidas. Porém isso muito vezes é inviável por diversos fatores: trabalho, vida social, relacionamentos, etc. Mas para algumas pessoas o fato de ser algo inviável pode tornar-se uma obsessão, que está ai para suprir certas necessidades que temos e talvez até preencher algum vazio em nós.

Com o advento da internet ficou mais fácil termos acessos a compra de itens que antes eram muito difíceis de serem comprados. Aquele jogo que marcou nossa infância, aquele console que sempre quisemos ter porém nunca tivemos a oportunidade de tê-lo talvez estejam a um lance de distancia. Provavelmente um dos maiores dilemas dos retro gamers é: colecionar ou não colecionar? Será que compensa pagar um valor tão alto por jogos que muitas vezes são bons apenas na memória?

Recentemente li um post em um grupo que faço parte, de colecionadores de videogames que me fez pensar, até que ponto colecionar algo é saudável? Quando vira uma obsessão? Se você é um colecionador, provavelmente se lembra de algum momento em que colocou a corda no pescoço, seja financeiramente, seja emocionalmente, por conta do seu hobbie.

Falarei do meu caso, de escolhas que fiz ‘para o bem da coleção’, comprando jogos e mais jogos que provavelmente nunca irei jogar na promessa de que as lembranças retornariam com esses produtos e iriam me fazer fugir do presente. Para mim sempre foi isso, uma fuga. A alegria de abrir um jogo antigo, que fez parte da minha infância, só era alegria por ser esperança de que os tempos voltassem e tudo ficaria mais fácil, como era na época da memória. Porém em certo momento você percebe que essa alegria é passageira e que você logo mais precisará de mais uma dose, fazendo com que você comece a acumular coisas, que no fundo você pode até gostar, porém que trazem apenas um alivio temporário.

Veja bem, eu nunca irei condenar o colecionismo pois acredito ser uma ótima maneira de conseguirmos preservar o passado, porém com o tempo aprendi que a minha coleção estava sendo usada para suprir outra necessidade que eu tinha e que o real motivo dos videogames estava ficando de lado. Hoje eu consigo ver minha coleção e contar cada história de um dos itens e estar em paz quanto a isso.

Em casos mais extremos o colecionismo pode virar algum transtorno psicológico muito sério, e o que era para ser diversão acaba se tornando um grande problema na vida da pessoa. É quase certo que colecionadores sofram de TOC, uma vez que sempre existe a necessidade de conseguir os itens MINTS para a coleção. É possivel visualizar também que muitas vezes os colecionadores são muito fechados em relação a sua coleção, não sentindo prazer algum em mostra-la para os outros, deixando claro que muitos dos itens estão lá ‘apenas por estar’ e que não tem uma relação real (nem mesmo a do ato da compra) com o colecionador em questão.

Outro problema que frequentemente atinge mais da metade da população mundial e que com os gamers não seria diferente é o consumismo: desde pequenos somos ensinados que sempre precisamos ter mais e mais, sempre precisamos ter o ultimo lançamento, se não ficamos para trás e com certeza não é isso que queremos. Isso faz com que alguns colecionadores consigam levantar respeitáveis coleções da noite para o dia, porém sem nenhuma ligação real com aqueles objetos.

A questão que temos que ter em mente é que a grande maioria dos jogos (se não todos) não irão se perder com o tempo, existem centenas de pessoas fazendo esforços para que os jogos sejam conservado de alguma maneira e que com a qualidade é muito melhor do que a quantidade.

E você, coleciona videogames? Qual a maior dificuldade que você já enfrentou pelo seu hobbie?

2 comentários em “Colecionismo: Hobby ou doença?

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  1. Cara concordo contigo, esta sensação de nostalgia que temos pelos jogos antigos é simplesmente pq remetem a nossa infância, hoje em dia os emuladores e roms nos dão a possibilidade de jogarmos o que quisermos então não faz muito sentido pagar uma grana alta por um jogo que vc pode baixar e jogar ele de graça, e não concordo com esse lance de “experiência do console é diferente” pois hj em dia com 200 conto vc monta um retro console e joga aquela roms antiga com um joystick na mão e na TV da sua sala.

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  2. Excelente texto. O colecionismo já me fez abdicar de algumas coisas pra conseguir aquele item desejado, e depois que comprei, o mesmo foi parar na estante junto com os outros. Hoje em dia, a minha coleção de videogames virou somente um hobby, pois o tempo que me sobra pra jogar acaba sendo 2/3hs por semana.

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